PORTAL DO PAI respeitar e honrar os homens, respeitar e honrar o pai.

Dedico e agradeço ao meu pai Cesar Romano Quintão. E aos meus bisavós maternos Dolores Joana Gomez Gonzalez e José Gonçalves da Silva

 

Minha amiga Thais costuma brincar ao se referir aos homens, pra mim ela encontrou a melhor expressão…são seres silvestres. Em meio aos chás, aos cafés e delicias de bolos, passamos horas a refletir o quão não admiráveis são algumas espécies de homens.

Homens que não se assumem pais.
Homens que não respeitam as mulheres.
Homens que não amadurecem.
Homens que abandonam seus filhos.
Homens que agridem, que abusam, que traem, que agem pelo instinto em plena Era de Aquarius, que são tão inconscientes.

Esse olhar sobre os homens, por muito tempo, foi o olhar que mais me impactou durante a vida. É uma dor ancestral que vem desde muito antes de eu nascer, vem da minha ancestralidade de avó, de bisavó, de tataravó, de todas essas mulheres que caminharam ao lado de homens a perder suas forças, seus espaços e até suas vidas. Na minha vida e na vida de muitas de nós mulheres a história se repete.

Uma dor que vem de saber, a partir de cada uma das minhas células, do sofrimento que essas mulheres assumiram por causa das escolhas de seus homens. É forte em mim a memória da minha bisavó materna, Dolores, espanhola das mais lindas, que de tão desrespeitada pelo meu bisavô chegou ao extremo de se matar numa busca por interromper tantas dores e uma relação tão abusiva.

Acontece que as crenças e as memórias celulares que carregamos sobre os homens merecem nosso olhar e merecem curas. Essa integração uma hora ou outra precisa acontecer. Esse cambio de olhar de que são animais silvestres para o olhar de respeito aos homens precisa acontecer. Porque enquanto as partes feminino e masculino, yin e yang, não forem integradas, não estamos livres, não estamos inteiros, não estamos libertos. E continuamos a sofrer, mesmo sem saber o motivo.

Graças à constelação familiar e às leis sistêmicas consegui encontrar caminhos que guardavam a chave para essa cura. Um dos principais e mais poderosos portais de cura está no nosso pai. O pai biológico, e o pai adotivo pela procuração de responsabilidade que recebe do pai biológico, é o principal portal a ser atravessado para conseguirmos encontrar a integração com os homens dentro de nós.

Meu pai, minha irmãzinha Bruna e eu. Foto da minha mãe.

Ao agradecermos nossa vida, independente de qualquer história que tivemos com nossos pais, independente de qualquer reação silvestre que eles tenham adotado, só de sermos capazes de agradecer pelo bem mais precioso que temos, a vida, estamos curando.

Só estamos vivos porque em um momento nosso pai e nossa mãe tiveram um encontro e geraram a vida que somos. É desse agradecimento que reativamos algo que gira a manivela que integra yin e yang, feminino e masculino.

Meu pai, esse Cesar Quintão de voz vez ou outra esbravejante, de pouco jeito para o abraço longo, é homem de palavras que dão coragem, de sonhos que se renovam, de permissão para os voos pelo mundo. Meu pai é esse portal que me dá força para ir voar no mundo. Meu pai é esse portal que transmuta meu olhar sobre os homens, deixando esse lugar que os percebo como seres mais primitivos para um lugar em que posso admirá-los. E por isso e tudo mais sou imensamente grata e admirada pelo meu pai

Admirar os homens, sei bem, exige muito de mim. E foi numa conversa com minha avó Maria, filha de uma mãe que se suicidou, que vi tantas curas… minha avó ainda dorme com a faca na cabeceira com medo de algum homem invadir sua casa enquanto dorme sozinha, ainda tem suas dores e seu receio sobre os homens, mas conseguiu criar um olhar de profundo agradecimento por eles, tem admiração e saudade imensa do meu avô, do seu pé quente aquecendo os seus à noite. Tem saudade de todas as conversas silenciosas que tiveram e dos companheiros que foram por tantos e tantos anos. E desde que meu avô se foi, ela se doou a cuidar da paróquia e um dos padres de Furquim se tornou também um grande amigo e um grande companheiro, ela fazendo suas roupas e numa amizade divina tendo as mais inteligentes conversas de sua vida. Admirada pelo meu avô, admirada pelo padre amigo. O coração da minha avó integrou o masculino num lugar de respeito.

É no respeito e na admiração que está nossa chave para integrarmos sagrado masculino e sagrado feminino. E nesse dia dos pais sinto ser um belo momento para essa cura… pela força do dia, pela força do masculino, pela expressão de amor e gratidão para os nossos pais. Vamos em curas.

Paula Quintão
13 de agosto de 2017

10 Comments

  1. Rico Oliveira

    Linda e profunda reflexão, Paula.
    Que possamos honrar as memórias do PAI sempre presente em nossas VIDAS e nos inspirarmos pelo caminho.
    FELIZ DIA DIS PAIS A TODIS!!!!

  2. Gabriela Jordão Moya

    muitas curas Paulinha! Muito bom ver isso acontecendo e nós nos harmonizando com isso dentro de nós. Compartilho de muitas coisas parecidas. Parabéns querida!!! Muito honroso (nem sei se existe essa palavra, rs) bjos

  3. Alinne Ferreira

    Curarmos e integrarmos partes que são renegadas. Honrarmos o masculino que habita dentro de nós, fazer as pazes com os homens, para que a nossa força se potencialize e que possamos tomar o amor, a coragem e a força do nosso pai. Lindas palavras, como sempre. Bjs com muito amor

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