O Urro do Guariba, um ensinamento de cura
// Eram 21h quando da floresta eu ouvi os urros. “Será um urso na Amazônia, meu deus?” – meu medo já estava criando realidades paralelas. “Será um monstro? Uma assombração?”. Eram muito altos os urros, só quem já esteve assim pertinho tem dimensão do quão alto é. Eu fiquei lá da janela, essa janela aí de onde tiro a foto, olhando essas árvores aí no escuro, e encontrando recursos internos para lidar com o misterioso e apavorante rugir. Acontece que sobrevivi, tive dúvidas, e no dia seguinte descobri que o urro era do Guariba, um macaco até grande e que tem uma bela caixa vocal. Superada a noite, vida que segue. E essa semana, exatamente 7 dias depois da saga amazônica, eu recebo minha sessão de bodytalk tratando meu corpo e me encho de lágrimas com o que a Verena, minha terapeuta, me entrega entre os cerca de 20min de sessão: “Paula, seu coração está guardando algo que precisa ser liberado, tem a ver com a partida da sua irmã. Você precisa soltar um urro… é, um urro”. Meu deus, só pude chorar. A natureza tinha me entregado, divinamente, a referência do que é um verdadeiro e poderoso urro e meu corpo, para viver seus processos de cura, está a precisar exatamente disso. Sim, vou me juntar aos guaribas, provável que retorne à floresta, e de noite, quando eles voltarem às 21h, eles urram de lá e eu urro de cá. Será uma sinfonia. Uma bela sinfonia mostruosa.