A Páscoa e os Recursos Para o Recomeço

Ontem uma borboleta azul me rondava enquanto eu adentrava um espaço que sempre sinto mágico em Tiradentes.

Era uma borboleta anfitriã e sábia, dessas que não se permitem fotografar. Hoje, ao entrar na casa da minha avó, uma outra borboleta. Tão linda, tão disponível. Eu tive a sensação de que ela experimentava a vida há pouco tempo, que suas asas eram recentes, que seus voos ainda tinham aquele ar de frio na barriga que nos lembra a emoção do instante.

Eu e ela nos celebramos, suas asas piscavam como olhos que reconhecem o outro. E eu compreendo.

A borboleta e a páscoa nos contam uma história parecida, nos contam sobre os recomeços, sobre as ressurreições, nos contam sobre a vida que está sempre se renovando. Só que a vida não se renova desconectada de um plano maior, a mudança não vem aleatória, os ajustes não são descontextualizados e a ressurreição só acontece do que antes estava posto.

Vida-morte-vida.

Vida-morte-vida sempre dentro de um caminho conectado por um fio que a tudo tece. Nenhuma ruptura. Nenhum desconexão. Apenas a vida sendo a vida. E nos dando todos os recursos, todas as bagagens, todas as forças, todas as clarezas, todas as pistas, todos os anjos que precisamos para das cinzas renascermos, para da morte vir a vida, para as transformações, para os novos voos.

Páscoa, eu te recebo. Te agradeço. E sigo com a clareza que me cabe, renovando meus pactos de vida e de servir. A vocês que caminham comigo, feliz páscoa.

Paula Quintão

20 de abril de 2019