Independente de qual seja a nossa crença, algo é certo: somos seres finitos a percorrer essa vida, tal como ela é, por um breve intervalo no tempo. Um intervalo que começa no momento em que nascemos e termina ao nos despedirmos dessa existência
Seguir a vida é transcorrer viagem. A transcorrer viagem vamos aprendendo com cada experiência, despertando com cada desafio, modificando o que sentimos e descobrindo a essência de quem somos. As viagens e peregrinações nada mais são do que uma grande metáfora da vida.
As vivências vão se tornando aprendizados que carregamos na mochila. Por aqui, dentro da minha mochila, tenho minha filha e todos os crescimentos que vieram da maternidade, tenho minhas andanças pelo mundo, tenho os anos que vivi em Manaus, tenho meus dois casamentos, cada qual com suas belezas, com seus inícios, meios e fins, tenho meus passos pelas trilhas, tenho as linhas que escrevo, tenho o mestrado e o doutorado, tenho as pessoas que passam para deixar algo e para me entregar algo também. A vida é um eterno encher e esvaziar a mochila.
Cada experiência vai trazendo um novo aprendizado para ser guardado por nós. A mochila que se enche de experiências e aprendizados não pesa. Pelo contrário. A medida que enche, mais leve fica, porque quanto mais aprendemos, mais nos conhecemos, mais nos transformamos, mais nos curamos e mais nos libertamos do ter para o ser.
E pelos próximos 40 dias vou acrescentar à minha mochila cada um dos meus passos pelos 900km do Caminho de Santiago de Compostela, saindo da França e chegando a Finesterre, onde a Espanha vira mar. Se o divino permitir, assim será. Aprendizados que viram partilhas nessa minha jornada de entregas.
Paula Quintão. Barbacena, 01 de setembro de 2015.