Aeroportos. Há algo nos aeroportos, eles carregam uma impessoalidade.
Não trazem em si uma grande diferença, são todos mais ou menos os mesmos. Principalmente os maiores. Mesmo sendo impessoais, conseguimos em nossa humanidade criar nossas memórias e histórias, nosso cantos reconhecidos, nossa lembrança amiga. Em Guarulhos vou sempre à mesma padaria pedir sempre o mesmo suco preferido que leva abacaxi e rúcula entre os ingredientes – e só consegui foto desse corredor em quietude porque era madrugada. Em Manaus há uma Havanna e lá há um bom suco bem azedo de maracujá. Em Confins tem as redondezas do portão 21 que me lembram o arcano maior O Mundo. Em Barcelona há o silêncio, na Europa há pessoas mais respeitosas que já não fazem as insuportáveis chamadas pelo microfone. Em Paris, o tapete vermelho. Em Londres, os guardas da imigração pacientes com meu inglês inventado.
Aeroportos nos conduzem como portais, literalmente. “Entre por esse portão e voaremos até o seu portão de destino”. E assim nossos caminhos vão sendo compostos. Os pontos do mundo onde precisamos estar nos chamam, se revelam, se materializam sob nossos pés. Somamo-nos uns aos outros: o eu e o lugar. Agora mais integrados que antes.
Paula Quintão, agosto de 2012.