Desde que iniciei as minhas trilhas, em 2011, pude perceber que o corpo responde a um comando da mente e do coração. A confiança de que estamos no lugar onde deveríamos estar, essa postura de não duvidar dos caminhos que se formam embaixo dos nossos pés, fortalecem o corpo para que ele siga avançando. Nunca fui de músculos fortes, mas descobri que posso carregar o peso que for preciso, desde que eu queira. Desde que exista um para quê que me move. Desde que minha alma tenha confiança no passo que está a dar. Foi graças às trilhas e à mochila pesada que eu descobri de onde vem a força. Essa força que nasce da bússola interna é que me garante, num sussurro ao pé do ouvido, “estamos no caminho certo”, ou num vendaval de fortes ventos, comanda com bravura, “mude imediatamente seus rumos, não é por aí o caminho”. Eu, como boa peregrina montanhista com minha mochila, prontamente obedeço. Mesmo que às vezes me renda umas acusações à queima roupa de quem espera que eu me comande por outro protocolo que não seja meu eu maior, essa voz que me conduz. E assim avanço.
// foto de 2018, minha quarta expedição ao Monte Roraima.