Em 2012, voltando de uma viagem de quase 2000km de estrada que me levou de Manaus a Venezuela, eu capotei meu carro a apenas 165km do destino final. Estávamos eu e minha filha. E numa dessas retas infindáveis eu cochilei e deixei o carro correr para o acostamento, louco e desvairado, e depois de tentar contê-lo me deparei com meu teto deslizando sobre o capim por infindáveis segundos até parar de lado, completamente arrasado. Meu carro ficou inacreditavelmente acabado. Nós duas ficamos impressionantemente bem.
Naquele momento eu poderia agir pensando em todos os “e se….” que nos devastam o ser. “E se eu tivesse dormido mais…”, “e se eu não fosse viajar…”, “e se tivesse acontecido o pior…”, “e se eu tivesse caído num lago ao invés de cair na grama…”. Infinitos “e se…” que só servem para nos enfraquecer e martirizar.
Diante de uma situação como essa em que tudo está posto e nada vai se modificar, só mesmo a proatividade pode nos salvar. Não há mesmo o que fazer a não ser tirar uma conclusão sobre o que poderia ter sido feito para evitar o problema, aplicar de forma prática numa próxima oportunidade e seguir em frente.
A proatividade não nos deixa abater, ela é a força que nos impulsiona para buscar soluções, para sair do lugar de incômodo que estamos. A proatividade nos faz seguir em frente e ver o que há depois da curva.
Bem, sobre o carro capotado não havia mesmo o que fazer, mas sobre toda a vida que vinha depois do acidente eu tinha muito a fazer e mil problemas que surgiram para solucionar.
• O que faço com esse carro que não sai do lugar?
• Como vou fazer para ir para o trabalho?
• E como vou levar minha filha para escola?
• Será que eu compro um carro novo?
• E onde eu guardo esse bendito carro capotado?
A lista era imensa. E seria ótimo encontrar na internet “passo a passo simples para resolver seu problema com o carro capotado”. Diante de vários pequenos problemas a enfrentar, tive que usar meu raciocínio para pensar em todas as alternativas possíveis e impossíveis para resolver todas aquelas situações.
Conversava com meus amigos, que ouviam meus pormenores e me davam algumas ideias. “Ah! Tem um moço que compra peças de carro”. “Nossa! Você tem que ir ao Detran”. “Ah! Tem um guincho super barato, liga pra esse número”. E assim o quebra cabeça ia sendo solucionado aos poucos. Claro que eu muitas vezes percorri caminhos que eram verdadeiras ruas sem saída, mas aí eu voltava e escolhia outras opções até que tudo se ajeitasse.
Em cinco meses simplesmente tudo estava resolvido. Paguei o carnê de financiamento sem fim, comprei outro carro com o mesmo valor de prestação, vendi o capotado para um amigo que fez uma reforma e agora está todo feliz com seu carrinho reformado. Sem traumas do acidente, sem lamúrias pelo que tive que gastar, sem reclamações sobre o tempo que tive que ir andando para o trabalho, sem “e se…”.
Como você está vivendo as situações inevitáveis de sua vida?
Quão proativo está sendo diante de seus problemas?