cavalgando o rato

Cavalgando o Rato, por Paula Quintão com Ganesha Divo.

Aconteceu de na turma de Constelação do Nascimento do final da tarde em Goiânia começar a chover muito. Os nascimentos combinavam com toda aquela água, símbolo de purificação. Num momento chovia tanto que eu me levantei para fechar a porta de vidro. Completamos os trabalhos. O momento era de partilhas finais. Falávamos sobre abundância graças a uma fala da Kerllen, uma das participantes. E então! Ai-meu-Deus!! Na porta de vidro farejando daqui e de lá, um Rato! Meu Deus. Duas das integrantes, irmãs por sinal, a Michelle e a Evelyn, simpatizavam do ratinho. Eu não gosto do pobre e tenho medo. Acontece que aquele rato estava tão disponível pra ser visto, fiquei olhando pra ele como nunca olhei para um rato. Não era um rato com a mesma energia dos ratos que no ano passado comeram dos meus plantios na casa em que eu morava. Ele tinha algo de amistoso.

As irmãs deram um jeito de colocar um biscoito pra ele. O ratinho se sentiu à vontade para pegar as migalhas com suas pequenas patas e ficar ali se alimentando diante de nós. “O que é esse rato, gente? O que ele está querendo mostrar?”, eu me perguntava. E quando na cena não há a resposta simbólica, basta aguardar.

Aguardei menos de 24h. No dia seguinte eu e a Rebeca Prado @mechamabecaprado estávamos numa visita épica ao Templo da Paz e numa das esquinas do templo eu mostro pra Rebeca uma estátua do Ganesha. Ela, com seus olhos atentos,“olha, Paula, e tem um rato aqui do lado dele”. O rato estava na estátua. “Rebeca, um rato com o Ganesha?”. Fiquei surpresa, nunca tinha visto o Ganesha com o rato, mas ali estava a minha resposta. O Ganesha, o Elefante, Deus hindu conectado às forças da abundância (bem o tema que falávamos) e da abertura dos caminhos, cavalga um rato. Não conhecia essa parte da história do Ganesha e o símbolo é fantástico: a mente se comporta como um rato que fareja aqui e ali sem foco, em busca de migalhas, sem perspectiva, sempre se escondendo com medo em buracos e esgotos, esquivando-se.

Para sermos capazes de vivenciar a abundância que somos, é preciso silenciar a mente e os medos, parar de buscar as migalhas e ter foco para o alto e a Luz.