“Clara, tira uma foto minha aqui em frente?”
Resultado: uma cara de “como é chata a minha mãe”, uma foto de 1s e um dedo de filha na frente da câmera. Essa é a foto que tenho do Louvre. E essa é a minha filha Clara nos momentos de não muita boa vontade. Acontece que naquele dia ela não estava a fim de visitar o Museu. Mas foi mesmo assim, como “mãe chata” dei uma forçada na barra.
Entramos. Nós e todas aquelas obras de arte. Nós e os corredores sem fim. Nós e a pop star Monalisa. Nós e as referências da Clara… que no caso eram todas as músicas de funk nacional (ainda suaves, estávamos em 2015) e suas danças e passos que ela relembrava quando passávamos por todos os monunentos. A Clara tinha uma dança pra cada obra, tinha uma frase da mais inapropriada e ao mesmo tempo das mais contextualizadas para cada um daqueles monumentos. “Faz o passinho do romano, dá aquela sarrada no ar”, e entraram na dança Michelangelo, Caravaggio e Leonardo da Vinci. Ela às vezes fazia a imitação do monumento e iniciava uma dança a partir da pose. Nossa volta pelo Louvre vai ser sempre uma memória cômica.
Isso me Lembra da cena de Intocáveis em que num momento muito solene na casa do Phillippe toca uma música clássica e o personagem do Griss, seu cuidador, responde “ah, é a música de Tom e Jerry”. Phillippe, com suas altas referências culturais, ri e diz “que idiota, é um clássico”, rindo amorosamente olhando para seu cuidador – e nós, espectadores, cada vez mais encantados com o Griss. Também eu como mãe da Clara, tenho meus olhos ainda mais encantados para o Louvre graças ao que vivi lá dentro com a minha filha.
Criações. As criações nascem do que somos, do que temos para dar, do que já vivos, ouvimos, sentimos e guardamos como bagagem. Precisam nascer disso!! Só é possível criar a partir desse arsenal interno, e quando nos apropriamos totalmente dele, sem maquiar, sem fingir ser outra coisa, sem esboçar falsidade, sem querer parecer o que não é, algo muito divino pode vir para a superfície e os olhos que vêm se encantam, em última instância, sentem amor.
// estamos em dias de Especial Gratuito dos Enroscos da Criação e do lançamento do meu novo curso “Criar a Partir do SER”.