Há uma rotina aqui. Acordar por volta das 6h30. Trocar-se com a roupa de caminhada. Refazer a mochila. Arrumar a cama. Guardar o saco de dormir. Buscar por um café. Seguir as setas. Caminhar. Caminhar. Caminhar. Entre tantas horas caminhadas, alguns minutos de parada aqui e ali para um café, uma coca ou uma água. E um toilette, por favor. Seguir as setas. Caminhar. Caminhar. E depois de muitos km, de pés e pernas cansados e às vezes transcendidos, de muito sol e talvez chuva, chegar no seu albergue. Sempre rezando para ter um lugar pra você. E tudo bem se for no andar de cima do beliche, nesse caso rezar um pouco mais todas as vezes que for descer e subir dele. Separar da mochila as coisas do banho. Ir ao banho rezando para a água ser quente e para suas coisas não cairem no chão nem molharem. Agradecer pelo banho. Lavar as roupas na mão e se houver máquina louvar a aparição das deusas. Estender as roupas próximo à cama num ato de fé de que o bom tempo ajudará a secá-las até o amanhecer. E então deitar na cama. Rendição. Agradecimento profundo. Meu Deus, como é bom deitar nessa cama que hoje me abriga. Relaxamento. E mais tarde jantar, se assim houver vontade. E ouvir as histórias dos outros peregrinos, que vêm de todo o mundo e se sentam juntos nas mesas de albergue buscando se entender nas tantas línguas que falamos. E quando for às 22h, você fecha seus olhos rezando para o sono chegar mesmo com o dia claro lá fora em tempos de solstício de verão se aproximando na Europa. Reza para dormir antes da sinfonia dos roncos. E mais um dia se concluiu. Amanhã às 5h alguns já estarão arrumando suas mochilas e você não precisará de despertador para às 6h30 começar a se preparar para sair. 🙏🏻🙏🏻🙏🏻 um Caminho Humano, muito humano, e por isso profundamente espiritual.
