Durante a vida vamos acumulando memórias. Cada experiência nos traz um traço que fica armazenado e vivo dentro de nós. Belas memórias se aconchegam umas às outras. E memórias não tão boas assim ficam espetando a alma, nos lembrando que por ali ronda algo não concluído.
Guardo algumas dessas memórias que espetam a alma.
Sou gratas a elas, claro, porque me contam sobre algo que precisa de luz dentro de mim. Porque se incomodam, é porque em algum aspecto precisamos de cuidamos e tratamento naquela região “sensível” do ser.
Descobri, com o tempo, que todas as minhas memórias não concluídas, aquelas que espetam a alma, são memórias de episódios em que eu queria ter dito algo e não disse. Momentos em que eu precisava ter me expressado, colocado minha verdade e meus sentimentos na mesa, e dito algo que eu não disse.
Consigo mudar o passado visitando cada uma das memórias e me imaginando ali, expressando o que eu gostaria de expressar, dizendo com toda clareza o que eu sentia naquele momento. E faço isso vez ou outra num ato de profunda conexão com o que vivi e profundo respeito pelo que vem pela frente.
No último ano um dos meus principais exercícios diários foi de me conectar com essa verdade que passeia dentro de mim e quer expressar algo, conseguir escutá-la, identificá-la, sentir sua força percorrer meu corpo e meu espírito. E ao me conectar à minha essência, ser capaz de pouco a pouco ter mais clareza sobre o que eu realmente quero expressar em cada situação da minha vida. Desde as mais simples expressões, até as mais densas e complexas. Desde dizer sim ou não para a vendedora da feirinha me oferece uma de suas artes, momentos simples, até aqueles que envolvem uma discussão em casal ou em família.
É minha forma de garantir que em outras oportunidades eu consiga fazer diferente, eu consiga trazer do mais profundo lugar da essência, em palavras, gestos e expressões, o que sinto verdadeiramente. Dar voz ao que somos é criar uma realidade totalmente diferente, é mudar os próprios rumos da nossa história.
Paula Quintão
03 de julho de 2016
SIM. Muito grato por isso…
Saber dar palavras a sentimentos tão profundos e dividí-las com o mundo é algo muito nobre. Paula Quintão, você faz isso com uma naturalidade incrivelmente. Que está dádiva te acompanhar pela eternidade. Grato mais uma vez ?☺???