O medo é um mecanismo de proteção. Ele está disponível a favor da preservação da nossa vida como ser mortal e finito. Porém o medo não é bom conselheiro, por causa exatamente da perspectiva que busca preservar: o de que essa vida é finita e de que somos seres mortais.
Digo e se fosse possível negritar, eu negritaria esse texto: não estamos aqui para sobreviver, estamos aqui para viver. A perspectiva da vida é de sermos finitos nessa biografia, mas imortais para a eternidade (e no fim das contas, devemos satisfação para a eternidade).
O medo está a serviço da sobrevivência e isso é muito pouco para se extrair dessa vida. Essa é uma vida para ser vivenciada em um estado máximo de presença, o quanto formos capazes. Exercitando muitas e infinitas nuances do nosso ser.
O medo te diz “não vá para que possa sobreviver”. A vida te convida sem garantias “vamos?”. E quando dizemos “sim”, num ato de coragem e fé, o medo se dilui. Somos capazes de nos cuidar, zelar pela nossa vida, mas uma das nuances de zelar por essa vida é “estar na vida vivendo”.
Uma foto do início de 2014, acredito. Circuito W da Patagônia Chilena. Entre tantos passos e alguns medos, a vida acontecendo.