O POMAR INABITADO sobre o que recebemos e não percebemos

Da janela da minha cozinha eu posso avistar e conviver com o pomar do meu vizinho. Não é uma área muito grande, mas é grande o suficiente para ter pés de goiaba, laranja, limão, tem figo, tem chuchu, tem taioba. Há um ano estou a morar nesse endereço e há um ano estou a conviver com os ciclos da natureza que invadem esse pequeno espaço de paraíso.

Agora tem goiaba caindo no chão, tem taioba aos montes, tem laranjas pequenas esperando para amadurecer.

É um espaço da abundância, da vida em sua germinação, dos frutos em sua magia.

Vez ou outra eu me debruço na janela da cozinha só para observar o que se passa por ali. É um espaço tão vivo.

Os passarinhos são os que mais aproveitam tudo por ali. Salpicam de um galho a outro.

Acontece que nesse um ano inteiro, só vi os vizinhos passarem pelo pomar uma única vez. Era até uma moça em seu avental, foi até lá e colheu algumas laranjas. Nenhuma outra vez além dessa.

As frutas por conta própria amadurecem, caem no chão e por assim é.

Há um ciclo da natureza intenso naquele pomar, mas ninguém tem colhido nada, ninguém tem usufruído dessa magia.

16938875_10154982649609019_4373204273003072198_n

Esse pomar me abastece pelos olhos, abastece os pássaros pelos galhos, abastece a terra com os frutos e as folhas que caem no chão. Graças ao sol, à chuva, aos ventos e às nuvens, tudo se frutifica dia após dia.

Mas a principal reflexão que sinto é sobre os pomares que temos em nossas vidas e não nos damos conta, ou das magias que temos ao nosso redor e não usufruímos, ou dos presentes que a natureza nos traz e não colhemos. Acredito que esse seja o principal símbolo que esse pomar não habitado traz pra mim… o quão importante é estar atenta ao que a vida me presenteia e eu não recebo, o quão importante é ter olhos atentos e coração agradecido a tudo o que recebo, o quão valioso é fazer uso do que o “nosso pomar” nos traz.

Estamos recebendo um mundo e nem sempre nos damos conta do poder, da força, da beleza, da importância de tudo o que já temos. E hoje, em oração, peço olhos para perceber, coração para agradecer e a vida para usufruir.

26 de fevereiro de 2017

Paula Quintão

OUÇA EM ÁUDIO. 

assine_newsletterb

banner_novoeu

One Comment

Deixe um comentário para Elisa Rodrigues Cancelar resposta