“O que se planta pelo caminho nunca é em vão”, dizia a voz no meu coração enquanto eu ainda chorava pelas mudas deixadas para trás, pela tristeza do impedimento de seguir cultivando. Naquele tempo, chorei pelas mudas de maracujá recém plantadas. Chorei pela bananeira que cuidadosamente cavei um buraco de 40cm para ganhar bases profundas. Chorei pelos quiabos que ganhavam tamanho. Chorei pelos plantios que eu eu não mais poderia cuidar. Mas no meu coração a voz sussurrava mansa “nada do que se planta é em vão”. E hoje enquanto vejo minhas novas mudas ganhando tamanho mais uma vez o vento macio me abraça, mais uma vez o por do sol me encanta, mais uma vez minhas músicas me emocionam e eu compreendo: todos os plantios nunca foram fora de mim, sempre foram no solo do meu coração, e eles florescem, dão frutos e novas sementes. Eu vejo, coração, é certo: nenhum plantio é em vão.
Paula Quintão em tempo de preparativos para o Natal.
Dedico a turma que somos em Rituais de Fechamento e Abertura de Ano. Daqui terminei hoje a escrita do meu livro Perdas e Refazimentos e no entardecer, do perder as dádivas ocultas.