O TERRÍVEL MUNDO DA RECLAMAÇÃO PODE TER FIM?

Somos seres em construção para melhor, por isso mesmo faz parte da nossa natureza perceber “defeitos” ou falhas nas estruturas, nas relações, no trabalho, no que executamos (ou não) e ao perceber essas falhas temos sempre duas opções: fazer algo a respeito – com foco na solução – e/ou reclamar sem fim – com foco no problema. Geralmente ficamos só na reclamação.

Acontece que quando focalizamos no problema e iniciamos um processo de reclamação, o que nos incomoda parece se acentuar e nos deixar ainda mais descontentes.

A reclamação tem então a função de extravasar o descontentamento interno, mas acontece que ela é uma terrível armadilha.

Primeiro porque quando começamos a reclamar de alguma situação, ela vai ficando cada vez maior, maior, maior. Cresce ainda mais aos nossos olhos, pois como temos também a necessidade de “confirmar nossas percepções”, principalmente depois que são compartilhadas com outras pessoas, passamos a enxergar ainda mais o motivo da reclamação em todos os lugares. Segundo porque a reclamação em si não constrói nenhuma mudança na situação que tanto incomoda. A reclamação morre em si mesmo num ciclo infinito em que você só perde suas energias. Terceiro porque você vira um incômodo para todos que estão ao seu redor.

É preciso,portanto, interromper o discurso de reclamação conscientemente – de preferência no nível mental, o mais rápido possível.

Quanto mais nos tornamos conscientes de nossos próprios pensamentos, mais podemos detectar quando iniciamos uma série de descontentamentos com a realidade e o momento seguinte em que eles se tornam reclamações.

Há algumas semanas eu passei a me incomodar imensamente com os improvisos do trânsito manauara. Definitivamente é uma tortura quando você dirige e a improvisação é tanta que uma moto pode cortar seu caminho e entrar no canteiro central e quase atropela um pedestre, ou um carro pode decidir não esperar no cruzamento e entrar no seu caminho sem qualquer aviso prévio, ou os pedestres podem ignorar a faixa a 100 m a frente e fazer corrida no seu caminho, ou mais um motociclista pode entrar no retorno na contramão só para não ter que seguir 200 m e fazer o retorno no lugar certo, ou o motorista espertalhão corta a fila de 50 carros que aguarda passagem no cruzamento pelo lado mais rápido só para passar na frente de todo mundo que está, educadamente, esperando a vez chegar.

Passei a me irritar ainda mais com a situação, a desejar que esse desleixo terminasse, que essa Manaus terra da espontaneidade muitas vezes exagerada desse seu jeito e resolvesse esse seu jeitinho de fazer as coisas para se dar bem. Passei a semana me irritando tanto que na sexta-feira meu desejo era juntar as coisas e ir embora só pra não fazer mais parte da confusão. E então, nesse momento, detectei meu ciclo de reclamações conscientemente.

Percebi o motivo da reclamação, percebi meu descontentamento e o quanto ele havia crescido nos últimos 5 dias de trânsito, fiz uma raciocínio mais positivo (algo do tipo: “sei que há lugares em que as pessoas são mais gentis no trânsito, mas não aqui, fique tranquila e faça sua parte, aos poucos a situação vai melhorar. Manaus é boa em outros aspectos”) e cessei o ciclo. Quando ele recomeça, busco interrompê-lo e penso em outras coisas.

O segredo é mantermos o foco na solução (e se a solução geral não for possível, faça a sua parte para que pelo menos na sua vida ela seja) e seguir em frente.

Assim podemos construir um mundo melhor com as próprias mãos e (melhor ainda!) nos livrar do terrível mundo das reclamações que só nos enfraquecem e fazem gerar energias não construtivas. Seja a mudança que você quer ver no mundo, como diz o Gandhi.

Vamos em frente!

 

 

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