Era sábado à noite, estava me lembrando de um jogo que eu amava na adolescência. Um jogo mal feito desses que até acho que rodavam em sistema DOS. O Elifoot.
Acontece que aquele jogo despertava algo dentro de mim, algum senso de estratégia, de geração de resultados – no caso, ganhar os jogos, de negócios, de vendas e compras, de investimentos. Tinha uma lógica ali e eu amava, me sentia ótima. Passava horas olhando para aquele jogo de gráfico pouco trabalhado. E me sentia muito bem.
E foi curioso me lembrar do Elifoot, assim sem mais nem menos, porque essa semana eu estava pensando no meu trabalho, na vida que é organizada entre os momentos de “trabalho” e “não trabalho”. Percebo que ainda há uma separação, como se houvesse uma caixa para o trabalho e uma outra caixa para a diversão, como se houvesse um tempo que é para levar à sério e outro tempo que é para viver a leveza, como se não fosse possível misturar uma coisa com a outra, como se fosse preciso endurecer para ter resultados.
O que sei, e descobri experimentando, é que diversão e a leveza conseguem andar do lado do trabalho, é que o trabalho pode ser extensão da brincadeira, do divertir. Para mim é um grande desafio, desses grandes, porque sou a própria seriedade em tudo, e ir transformando os processos em mais maleáveis, mais leves, mais descontraídos, cria outras possibilidades de vida pra mim.
Hoje consigo, cada vez mais, me aproximar de uma rotina em que o trabalho é leve, em que eu me sinto completa a cada pequeno movimento do meu trabalho. Pouco a pouco, cada vez mais. E as caixas vão se misturando, a da leveza com a da brincadeira, com a seriedade e a diversão, e o trabalho se torna, ainda mais, uma extensão de mim mesma, do dar e receber amor.
São pequenas mudanças, pequenas guinadas de perspectivas, de modo de agir, de rotina, de escolhas minuto a minuto, que vão criando uma nova realidade em todas as áreas da vida, e inclui-se aí a relação com o trabalho.
Paula Quintão
21 de agosto de 2016