Não vivi dias fáceis nessa última semana. Entrei num lugar de saudade e culpa sobre alguns episódios que compuseram a partida da minha irmã no último outubro. Meu coração começou a sentir os efeitos: minha pressão desregulou, meu sono piorou. Fui à igreja, fui confessar. Nunca fiz isso, mesmo em primeira comunhão ou crisma quando estive pra confessar, devo ter faltado. Nunca achei que padre era intermediário a Deus – e não é, somos todos. Só que ficou claro pra mim que confissão não se trata de ter um intermediário para Deus, e sim estar diante de alguém humano tendo a oportunidade de externalizar a postura interna de culpa e arrependimento. Culpa e arrependimento, quando cultivadas, nos fazem verdadeiramente o MAL. Pois então eu fui. Pois então eu confessei. Pois então colocar em palavras o que era tão difícil promoveu um verdadeiro bálsamo no meu coração. Alívio. Clareza. Abertura. A isso podemos também chamar de milagre. Eis que saindo da igreja, preparando no google maps o caminho que minhas pernas fariam, essa cachorra mais linda e imensa silenciosamente se encosta nas minhas pernas, me dá a cabeça para que eu fizesse carinho, me olha com tanto amor… e eu choro. De máscara é mais fácil sair por aí chorando. Sua cabeça me lembrou minha irmã. Seu pelo marrom escuro me lembrou os cabelos castanhos bem lisos da Bruna. Seu silêncio de quietude me lembrou o estado que sinto sobre minha irmãzinha. E eu pude seguir meu caminho. Abençoada. Em estado de graça.