RISOS QUE A CLARA CONSEGUE CRIAR sobre o humor que traz leveza

O bom humor e a graça são como termostatos para dizer se estou em dias de leveza. Quando sim, consigo rir de mim mesma e mais que isso, consigo fazer minhas próprias piadas. Para a minha filha, a coisa já flui de outro jeito. Mesmo em momentos de extremo mal humor – ou “bad vibe”, como ela diria, o humor com seu toque especial de sarcasmo está sempre presente.

Clara nasceu com o dispositivo do humor ativado. É um humor fino, dessas piadas sagazes raras de serem feitas.

Tenho uma coleção dessas piadas.

Quando capotei o carro em 2012 por ter ficado com sono no volante, aquilo foi mesmo um evento em nossas vidas. Ela dormia no banco de trás e quando se deu conta, diz ela, tudo se movia e passava por cima de sua cabeça no carro que o melhor que pensou fazer foi continuar dormindo. Estávamos bem, apesar do carro estar em estado de calamidade. E quando finalmente o táxi nos levava de volta para Manaus, depois de todo o susto e de todas as providências necessárias, ela me olha e diz “Mamãe, agora você pode dormir”.

Em 2015, passar quatro meses viajando com a minha filha foi um desses presentes que a vida nos proporciona. Como uma boa adolescente, ela precisava dormir muitas horas, nas que estava acordada, caminhávamos pelas cidades em busca de belezas para os olhos e delícias para comer.

Fomos à Espanha, à Portugal, à França, à Itália, à Alemanhã, à Holanda e à Inglaterra. Eu, ela, os momentos de “bad vibe” típicos e o seu humor fino.

Nem sei dizer qual foi o ponto alto do humor, mas jamais vou esquecer da nossa visita ao Museu do Louvre. O melhor do Louvre nem foi o Louvre, foi a Clara no Louvre. Sagaz, ela era um dicionário vivo da própria cultura pop mundial ao meu lado fazendo os clássicos da arte virarem uma paródia de si mesmos. Dos filmes do cinema aos funks brasileiros, a cada obra, uma legenda nova impecavelmente encaixada. Sem que ela percebesse, estava a trazer todos os clássicos da história da humanidade para 2015, dando vida na atualidade a eles. No quarto do hotel, à noite, ela reproduzia as poses das estátuas e rimos de chorar. Foi o máximo.

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E na saída de Amsterdã, tínhamos um voo para Londres. Escolher hotel não é meu forte, mas naquele dia eu me superei. Meia hora antes de sair para o aeroporto, eu, super organizada, resolvo buscar no google maps o roteiro do aeroporto até o hotel. “Nenhum trajeto encontrado”. Estranho.

Tentei de novo, nada. Fui buscar no computador.

E lá estava o trajeto: um avião atravessando o oceano.

Dez segundos paralisada tentando entender.

Quase um minuto para decoficar o feito: o hotel que eu reservei estava em London, no Canadá. “Paula, você é inacreditável”, foi tudo o que eu pude me dizer antes de encontrar às pressas um lugar para ficar. Contei para a Clara já sabendo que ela ficaria irritada e ela conclui “Paula partiu para o ramo do humor”.

O humor é capaz de transformar qualquer momento em um momento de leveza. Capaz de nos levar “aos tetos”, como faz a Mary Poppins. Por uma vida com mais momentos assim.

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Paula Quintão

06 de março de 2016

 

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0 Comments

  1. Ari_Baiense

    Obrigado pelo texto leve e agradável Paula!
    Creio que quando vivemos esses momentos de stress é a nossa reação que determina se eles serão grandes ou pequenos. A sua experiência e a graça da Clara demonstram isso. 🙂
    Grande abraço!

  2. Rico Oliveira

    A arte de VIVER é um eterno aprendizado! Os ingredientes do BOM HUMOR e LEVEZA fazem deste PRESENTE divino mais aprazível, mais intenso e COLORIDO. Que as ”pérolas” de Clarinha se multipliquem e possam te surpreender SEMPRE, querida Paula Quintão. Obrigado por mesta partilha. Ótimo Domingo.

  3. Isabella Mogiz

    Ei Paula! Mais um domingo e um texto INCRÍVEL que chega de encontro a minha vida e ao momento que vivo exatamente agora. Vou lhe contar… Hoje, exatamente hoje, no dia de sua publicação, após um mês sem visitar meu apartamento, entro cheia de alegria e esperança nesse lugar de conquista, e logo percebo um cheiro estranho no ar, abro as janelas para arejar e vou para o ultimo comodo a ser averiguado, abro a porta do banheiro e e vejo horrorizada todo o teto de gesso no chão e mofo para todo lado, choque, tristeza, desespero e solidão, confesso que entrei em vários estados diferentes de humor, mas após esse momento aqui com você, percebo que o melhor é “rir” de tudo isso, manter a leveza,os sentimentos bons, e seguir em frente, porque tudo irrevogavelmente entrará em seu lugar. Grande abraço Paula!

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