Essa jornada de autoconhecimento e descobertas das camadas da alma vai trazendo revelações das mais interessantes, muita luz e conexões. E uma das percepções a que cheguei e que hoje mais me encantam é a de que mundo interno e mundo externo são complementares. Move em um, move no outro.
E a vida carrega simbolismos muito fortes e ricos a cada movimento que fazemos. Simbolismo capazes de nos trazer muita consciência sobre o que acontece dentro de nós.
Hoje quero falar sobre um dos grandes temas da minha vida, a sustentabilidade, para usar como um dos exemplos dessa percepção.
Meu doutorado foi em sustentabilidade na Amazônia. Antes disso vivi uma fase intensa de bandeiras e chatices ambientais muito forte. Era bem excessivo, devo admitir. Na época minha vontade de salvar o mundo era tão intensa que eu saía por aí apontando para tudo e todos que não estavam contribuindo de alguma forma para que isso acontecesse.
Tudo teve seu valor e foi, surpreendentemente, durante o próprio doutorado em sustentabilidade, entre tantos professores, colegas e estudos sobre o ambiente, que me veio o entendimento de que não era questão de salvar o mundo muito menos a natureza que estávamos tratando, mas sobre o fato de salvar a nós mesmos e a possibilidade de continuarmos vivos e em condições agradáveis habitando esse planeta. De fato, a natureza se garante sem nossa presença. Ela sente os impactos das atrocidades que fazemos, poluindo tudo e eliminando preciosidades, mas a natureza de fato se recompõe magnificamente se formos retirados da equação.
Poderíamos em outros momentos tratar sobre os pormenores que envolvem a questão ambiental, mas não é disso que se trata esse meu texto. Quero tratar é sobre essa vontade tão grande de salvar o mundo… essa vontade de salvar o outro… e o que ela revela sobre o que há dentro de nós.
Meus processos de autoconhecimento me mostraram que geralmente a nossa vontade de salvar seja lá o que for é um pedido interno de “me salve!”. Não é o ambiente que pede para ser salvo, é você mesmo. É um alerta, um chamado, que se abre dentro de nós e diz “eu preciso me salvar”. A pulsão de vida que nos habita pede “me salve”, e respondemos a esse chamado com uma pulsão de salvar no outro ou salvar o planeta, nossa busca por salvar a nós mesmos.
O planeta, a mãe terra, a mãe natureza… simbolizam o lar, o chão, a base para tudo o que quisermos viver. E essa base tem um símbolo que se conecta com a nossa mãe, essa mãe que nos geriu em seu útero por tanto tempo, essa mãe que nos deu todos os alimentos que precisávamos. Quando queremos salvar o planeta, a natureza, a mãe terra.. mesmo os animais, e tudo o que foi oferecido por essa mãe tão generosa, estamos atendendo a pulsão de vida dentro de nós que diz “salve a parte que representa a sua mãe dentro de você”.
Que parte é essa dentro de nós que pede luz? Que parte é essa dentro de nós que pede para ser integrada? Que parte é essa que pode estar sendo excluída?
Uma reflexão que merece outros textos e que por hoje sinto que são boas pistas para você, aí em sua jornada, usar de base para suas próprias explorações.
Quando salvamos a nós mesmos, conectando partes que esquecemos de ativar em nós, de integrar em nós, nós também, como consequência, salvamos o mundo. Porque nos transformamos, porque nos tornamos mais autoconscientes, porque cuidamos mais do que é nosso, porque desenvolvemos mais responsabilidade energética, porque nos conscientizamos que somos autorresponsáveis por tudo o que criamos, fazemos e colocamos energia. Um mundo salvo graças a sermos mais luz, graças a sermos mais integrais, graças a sermos mais presentes.
Paula Quintão
16 de julho de 2017
Paula, que texto lindo!!! No fundo queremos salvar a nós mesmo! E se conseguirmos fazer isso, sendo quem desejamos realmente ser, salvamos outros ao nosso redor! Linda Reflexão! O difícil é descobrir o que precisamos salvar em nós mesmos.
Aí está a grande exploração a ser feita, Clarissa, alegria é que cada descoberta nos faz sentir uma imensa recompensa interior.
Que insight… O texto é tão imenso, tão profundo que preciso ler várias vezes pra começar a absorvê -lo. Obrigada.
Profundidades e mergulhos que são sempre bem-vindos, não é, Luzia?
Sensacional!! É bem isso mesmo, Paula! Essa tentativa desenfreada de tentar salvar o mundo, mas na verdade estamos pedindo socorro! Essa questão abre para outras reflexões, como o julgamento de como as coisas devem ser segundo o meu ponto de vista do que é “salvar o planeta”.
Sim, cada um salvando a parte que lhe cabe, juntos fazemos um trabalho coletivo assim… cuidando de suas partes.
Nossa ameiiii o texto
Obrigada ?