Dia 11 de fevereiro.
Há 4 meses, eu chegava a Santiago de Compostela.
E, sob a chuva, eu olhava as luzes dos postes refletindo na água que escorria pelas ruas sem me importar com o lugar que passaria a noite.
No meu 11 de fevereiro, também sob a chuva, eu corria. Corria pelas ruas buscando o ar que me fazia avançar mais e mais.
Chovia em Santiago. Chovia nas Minas Gerais.
E eu me dei conta, enquanto ofegava pelas ruas mineiras, sobre o quanto o passado tem a capacidade de habitar e preencher o presente.
Eu podia, durante minha corrida, sentir o cheiro das ruas de Santiago, sentir meu coração forte batendo de felicidade por ter chegado ao meu destino depois de cruzar 800km de Espanha. Eu podia emanar o mesmo brilho no olhar…
Mas nem tudo o que habita minha memória, sei bem eu, é encanto. Há memórias tristes, há dores das antigas, há apertos no coração. Honro todas elas. Honro para que eu possa dar o próximo passo, que é levar luz para tudo o que é sombra.
Luzes e sombras esperando serem integradas, aguardando um olhar que as façam cintilar como luz dentro de mim.
“Memória é o que mora em mim”, me ensinou o mestre Gabriel. E estou em temporada de olhar memória por memória, como se todas elas fossem tijolos de uma construção pelos quais eu sou grata profundamente.
Olhar, reconhecer, agradecer, iluminar as sombras, integrar as luzes e deixar ir. Deixar ir somente depois de integrar cada uma delas. Somente depois de eu conseguir iluminar todas elas, num exercício de muito reconhecimento e gratidão pelo caminho que me trouxe aqui. Somente depois de ser profundamente grata, coração em estado de encantamento ao olhar para todas elas.
Para viver profundamente o presente, para celebrar o momento do agora, para estar realmente em presença, para sentir paz profunda, só mesmo integrando todas as memórias, transformando cada uma delas em luz.
Há uma linda canção do Maxi Giacone, em que ele canta que “em meu jardim há um fogo, onde se queimam as horas, tudo o que se passou, passou, sem nem sequer deixar memórias”. Com cada uma das vivências eu alimento meu jardim, grata, para que todas se transformem em luz, para que eu possa ser presença em meu presente.
Paula Quintão
14 de fevereiro de 2016
Com muita certeza, Paula, sua LUZ transcende os limites físicos e alcança a alma de muita gente.
Muito gratificante ser iluminado pelo seus raios de AMOR e PAZ. Gratidão! !!!
Que nossa luz possa se espalhar mundo afora, Rico, simplesmente pelo fato de sermos quem somos, mágicos por dentro, fazendo magia por fora.