(Emília) – A vida, senhor Visconde, é um pisca-pisca. A gente nasce, isto é, começa a piscar. Quem pára de piscar chegou ao fim, morreu. Piscar é abrir e fechar os olhos – viver é isso. É um dorme e acorda, dorme e acorda, até que dorme e não acorda mais […] A vida das gentes neste mundo, senhor Sabugo, é isso. Um rosário de piscados. Cada pisco é um dia. Pisca e mama, pisca e brinca, pisca e estuda, pisca e ama, pisca e cria filhos, pisca e geme os reumatismos, e por fim pisca pela última vez e morre. – E depois que morre?, perguntou o Visconde. – Depois que morre, vira hipótese. É ou não é?”
~ Monteiro Lobato, em “Memórias de Emília” (1936)
Por aqui é dia de aniversário.
Em épocas de aniversário, desde os dias que antecedem minha data de celebração, eu me volto para dentro para olhar os ciclos da minha vida, olhar meus caminhos, sentir as emoções experimentadas no último ano, celebrar a existência e me conectar, com todo amor, ao ser finito que sou.
Sinto que a vida precisa dessas pausas.
Pausas para balanço do que passou, do que ficou, do que senti, do que vivenciei e do que se transformou em mim.
Pausas para balanço em dias de aniversário.
Para balanço em dias que são significativos para nós.
Até que chega um momento que não são só os dias especiais que merecem tempos de pausa para balanço.
Passa a ser todo dia. Em pequenos e simples rituais que nos fazem sentir que o caminho está valendo a pena, que o caminho está sendo mágico e cheio de vida (a cada dia). Não só em dias especiais.
E hoje foi assim pra mim. Escolhi coisas simples e singelas que me sensibilizavam a alma. Um dos meus presentes pra mim mesma foi pegar carro, dirigir cerca de uma hora na estrada com minhas músicas preferidas, cantar ao volante como se não houvesse amanhã, chegar a Tiradentes, entrar em livrarias e lojas mais lindas, olhar tudo, alegrar meus olhos, me sentar num café e escrever, escrever e escrever sobre como foram meus últimos 365 dias.
Como minha alma se abastece com um ritual tão simples e tão mágico, que preenche com vida a minha existência.
Preencher a vida com vida, eu sinto, tem a ver com pausar, sentir o que se passa por dentro e a partir desse sentir, ser capaz de dar novos passos, fazer novos movimentos. Simples assim. Precioso assim.
Paula Quintão
08 de novembro de 2016
E hoje sinto de partilhar outros dois textos meus de épocas de balanço de aniversário.
Também no último 08 de novembro escrevi sobre a raridade da vida e sua finitude. Leia aqui.
Também no meu aniversário de 28 anos, 2011, escrevi sobre a importância de olharmos para nossos caminhos. Leia aqui.
Tempo de celebrar…de curtir…E de PISCAR!?????
Paula, sua linda trajetória, repleta de instantes palpitantes, nos eleva a degraus cada vez mais altos, em direção ao Autoconhecimento.
Parabéns pela VIDA e gratidão por divídí-
lá com o MUNDO.
Com carinho,
Rico
Olá Paula,
Eu gostei muito do seu texto e do seu simples exercício! Algo tão fácil e mágico.. Enquanto você falava me senti participante desse ritual. Gostei muito dessa ideia e vou implementar em meu aniversário, que está próximo ^^ Um grande abraço!