Aconteceu de eu estar em Nuremberga visitando os pontos da cidade que foram reconstruídos depois de poucas de suas partes terem sobrevivido aos bombardeios da guerra. A igreja da cidade é um deles. Por lá vi as fotos dos destroços e olhando para o teto é possível perceber a construção recente. Só que havia esse casal. Emocionei-me com aqueles dois, a imagem deles olhando juntos algo frente ao altar. Estavam bonitos. Meu coração se aquece com a imagem deles. E tudo que ela representa. Ao longo dos anos, também num movimento de restauração interna, venho liberando o que em mim foi ilusão sobre os relacionamentos, liberando as perdas e integrando toda a história até aqui com a exata beleza e força que ela tem, e ao mesmo tempo olhando com doçura para o presente tal como ele se apresenta. O movimento que fiz sobre os relacionamentos foi o mesmo que qualquer caminho de reconstrução nos pede – os círculos da reconstrução que mapeei ao longo dessa viagem. Não posso mais dizer que tenho um sonho da vida a dois. Algo cambiou. O que tenho é uma postura. Ao meu lado há o lugar para um homem que esteja também na postura de ter ao seu lado uma mulher. Um homem forte e capaz de enxergar o valor que há em mim. Um homem que eu vejo com olhos de admiração por sua força e coragem em sua plena humanidade. Sou a mulher que tem exatamente o que esse homem precisa. E esse homem tem exatamente o que eu preciso. Porque sim, há que se render: precisamos uns dos outros. Não porque nos falta uma parte, mas porque somos mais ricos ao trocar e compartilhar um caminho. E nossas histórias vão se encontrar num horizonte onde caminhar lado a lado nos fez ver mais, nos tornou mais ricos de experiências, nos fortaleceu para vivermos nossa missão como os humanos comuns e ao mesmo tempo incríveis que somos.
📸 por mim.