Quando vou a Natal geralmente visito o mar no amanhecer. Por lá, nessa época, 4h30 o sol já nasce e quando é 5h30 o dia já se agitou. Não levo celular, por isso nunca tenho fotos de quando coloco os pés na água, de como a maré fica alta pela manhã, de como as pedras estão frescas depois de tomarem seu banho noturno. 5h50 eu desci. Eu teria duas manhãs apenas para ir ao mar. Dessa vez foi diferente pois o mar de Natal estava em reforma. Nunca vi praia em reforma. Mas por lá estava. Caminhões. Tratores. Umas construções de concreto que imagino serem suporte para a obra principal. Depois descobri que a obra é daquelas para estender a faixa de areia.
Na primeira manhã aconteceu de ao entrar no mar haver muitas pedras, restos de construção, pedaços de tijolo, cacos… destroços. Parecia que machucaria meus pés, mas com jeito consegui atravessar a faixa e alcançar um trecho limpo e com areia macia. Ah, os destroços do caminho. 2024 foi um ano de mudanças e transformações, cada um viveu a sua maneira, e transformações sempre liberam material a ser descartado, restos de obra. Fiquei ali respirando aquele mar e aquele sol e me dando conta das obras feitas em mim ao longo desse ano. Voltei para um banho e o dia foi repleto de constelações do nascer e do crescer. No dia seguinte, mesmo bate horário, 5h50, lá estava eu. E o mar estava totalmente diferente. Sem destroços, sem nenhum caco na areia. O mar bem mais recuado, limpinho. Respirei. Agradeci pelos processamentos de tudo que 2024 me trouxe. Preparando para 2025, novas fases, novos caminhos.