Manaus sorri e diz “Bem-vinda de volta, Paula”

Levei os últimos meses para admitir. É verdade. Uma parte de mim estava relutante em dizer. É a parte que um dia precisou ir embora de Manaus por ter vivido suas dores, é essa a parte que estava relutante em dizer: “voltei”. Mas antes que eu dissesse “voltei”, Manaus me chamou num canto e me sussurrou ao ouvido: “bem-vinda de volta, Paula”.

Aqui estou eu. Endereçada novamente na Amazônia. Aqui estou eu e Manaus pra Mim. Aqui estou eu e a floresta de vizinha, literalmente. Aqui estou eu e os rios, as árvores, o sol que por essas terras é maior que em outras.

Precisei de uns anos sem vir a Manaus, foram seis anos de intervalo. Costumo brincar que Manaus tem um lema, “venha para Manaus e adiante algumas vidas”. O que se vive em Manaus, com a intensidade que se vive, com a velocidade e profundidade dos processos espirituais, nunca vi ser vivido em nenhum outro lugar. Deve ser por causa das árvores e das águas, apesar de às vezes eu cogitar ser maldição indígena, sei que é por causa da estrutura de máquina de lavar que há ao redor: rios que mais parecem mar para lavar as profundezas da alma e árvores para elevar tudo isso aos céus.

Vivi em Manaus de 2010 a 2015, foram cinco anos. Cinco anos que me deram recursos, riquezas, vivências, abertura de caminhos e transformações das quais até hoje colho frutos. E agora, 2022, aqui estou eu. Eu e Manaus. Manaus pra Mim. Na época em que aqui estive de 2010 a 2015 escrevi muito sobre a terra do sol, tive meu primeiro blog e graças a ele eu abri caminhos da minha entrega escrita, o Manaus Pra Mim, você pode ler nesse link. Agora as coisas são outras. Há aquela citação que diz que você nunca entre duas vezes num mesmo rio, porque tanto o rio não é mais o mesmo como também o homem não é mais o mesmo. Também não estou na mesma Manaus. Manaus não é a mesma. Também eu não sou a mesma.

Apesar de eu dizer “estou de volta”, não é uma volta. É uma nova Manaus me convidando a bailar por essas ruas espontâneas, por esses rios abundantes, por entre essas árvores que nos revelam segredos. E eu digo sim, digo aqui estou, digo “vamos bailar, Manaus”. Estou pronta, vamos.