Os Garis

Os Garis
Da pousada que fiquei em Natal podia ver logo cedo quando eu acordava um grupo de garis se preparando para iniciar o trabalho.

Antes de 5h30 eles já estavam lá. Pouco a pouco iam se reunindo para tomar café na mesa de plástico que colocavam para fora do pequeno espaço de garagem onde imagino também estarem os materiais de trabalho.

Era possível ouvir eles conversando. Comendo algo. Rindo uns dos outros.

Talvez fossem uns 8 ou 9 garis. Num outro dia eu contei 12.

Achei curiosa a movimentação deles.
Mas algo se destacou totalmente quando comecei a ouvir um deles falando bem algo.

“Será que estão brigando?”, assustei.
Não. Não estavam brigando. Estavam rezando. Fazendo uma pregação antes mesmo das 6h da manhã. Estavam se abençoando, abençoando seus trabalhos, abençoando seus serviços, abençoando suas famílias, agradecendo.

Que bonito, meu Deus. Muito bonito ver que aqueles homens se preparando para trabalharem os lixos produzidos, os lixos mal cuidados pelos outros, e os lixos a serem destinados. O estado de oração, eles rezando em roda… que bonito.

É nobre o humano ofertar e abençoar seu servir. Por mais desafiador que seja um trabalho, fazê-lo em estado de graça é muito diferente de fazê-lo em qualquer outro estado que seja. Nosso servir nos eleva se dedicamos todo ele ao Alto. Através do nosso servir somos o milagre.

Em 06.12.2023, por Paula Quintão