A doce Sra. Harris ganhou essa semana meu coração e me fez sentir saudades da minha avó Maria. Era noite de quarta quando escolhi assistir o filme. Pelo que vi foi indicado ao Oscar e comecei despretensiosamente a assistir.
Logo nas primeiras cenas, aquele semblante me lembrou minha avó Maria e eu sabia que a partir dali ela teria minha atenção. Escrevi para minha mãe: “quer assistir um filme com a vovó?”. Se já não bastasse o semblante, também suas mãos entre tecidos, agulhas e botões me transportavam para as cenas da infância quando minha avó estava vez ou outra a costurar algo, delicadamente cuidando dos detalhes. Mas a Sra. Harris foi muito além. Quanta permissão, meu Deus, ensina-me essa permissão. Com seus olhos típicos de uma louca no melhor sentido do termo, aquela senhora ousou sonhar e permitir-se ir além das fronteiras do seu mundo (as físicas, as emocionais e as mentais). Tal como o Arcano Maior, o Louco do Tarot, iniciou uma jornada mesmo com todos dizendo “por aí não é seguro avançar” ou “por esses caminhos não é bem-vinda”, ela foi assim mesmo.
Vestida da inocência simples e geniosa de uma criança e com a pureza de seu coração bondoso, Sra. Harris nos relembra o melhor que há em cada um de nós e o quanto os olhos, quando convidados pela vida, devem perseguir esse brilho da magia que é viver.

