A DESVENDAR. sobre a escrita que cria caminhos no labirinto do insconsciente

“Palavras nos ajudam a sentir e a encontrar sentidos”, escreveu a Auxiliadora Oliveira, Dôra, em forma de comentário em uma das aulas da Oficina de Redação (e Oração). E eu me emociono com sua percepção, porque de fato é o que acontece quando estamos a processar alguma dor, a digerir algo que não caiu muito bem, a entender o que há por trás dos fatos que a vida nos trouxeram, e nos colocamos a escrever.
 
É o que sinto quando a dor é grande e posso pegar meu lápis, minha folha em branco, e abrir em palavras o meu coração. É também o que sinto quando estou a fazer meus planos ou rascunhar meus sonhos noturnos.
 
Parece que essas linhas que formam as letras são também linhas que conectam pontos e entendimentos que dentro de nós, antes, ainda não estavam conectados.
 
Pela escrita, eu me encontro.
Pela escrita, eu encontro sentidos.
Pela escrita, eu encontro caminhos no meu inconsciente que antes eu não tinha sido capaz de trazer para a luz do consciente.
A escrita organiza e traz para a superfície.
 
Talvez a linha que forma as letras, que forma as palavras, que forma as frases, que se junta de vírgula em vírgula, de ponto em ponto, seja a linha que vamos deixando também a marcar o caminho nos labirintos da mente. Algo como tentaram fazer João e Maria para não se perderem no caminho de volta para casa. Ou algo como a corda que desce conosco ao fundo do mar quando fazemos nossos primeiros mergulhos e precisamos de referência de segurança para baixar e baixar, mais e mais, nas profundidades.
 
Hoje somos eu e meu lápis bem apontado. Hoje somos eu e meu caderno de escritos. Juntos a desvendar.
 
Paula Quintão
19 de novembro de 2017

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