“Lá no banco em que trabalho, minha habilidade de ser harmoniosa não é qualidade, é defeito”, rimos da situação eu e a Amanda em nossa sessão de ontem para também não chorarmos juntas.
Ela me contava sobre a seleção para gerência da área e da pergunta que fizeram para ela sobre como resolvia os conflitos que as equipes viviam ou quando havia algum funcionário com rendimento diferente do esperado. “Eu chamo e converso”.
Eles insistiam, queriam saber o tom da conversa dela na hora de colocar as equipes nos eixos. “Meu tom é harmonioso”.
Foi desclassificada por ser harmoniosa.
Acho que no fundo queriam que ela fosse grosseira, colocasse um pouco de medo nas equipes, talvez soltasse uma ameaça nas entrelinhas, algo assim.
Harmonia era motivo para desclassificação.
Passei anos à frente de equipes, coordenando cursos de graduação e seus professores, passei anos coordenando equipes de produção inteiras, e se tem algo que sei é que a harmonia sempre abre mais portas que o medo.
A abordagem pelo medo move sim montanhas, o medo desencadeia ações, mas montanhas bem menores e bem menos sólidas do que aquelas que conseguimos mover juntos em ambientes de afeto e harmonia.
Bem nos mostra o filme Monstros SA, em toda a simplicidade que até o olhar da criança é capaz de entender. Recarregar pilhas e baterias usando a energia do medo é bem menos eficiente que a recarga pela graça, pelo humor, pelo amor.
No meu mundo, harmonia sempre será qualidade.
Paula Quintão
22 de novembro de 2017
sempre certeira, Paula. <3