Eu adoraria mostrar a vocês um vídeo desse dia. Foi no Monte Roraima em 2018 (na 4ª vez em que estive por lá), por sinal era véspera do meu aniversário. E foi muito engraçado o que se passou. Nesse dia a programação era longa, um percurso de mais de 20km pelo topo do Roraima. Saímos cedo e voltaríamos só de tarde para o acampamento. Como vocês podem imaginar, nessas trilhas sempre se tem muito cuidado com a água porque não é bom ter meias e roupas molhadas. Mas no Monte Roraima esse cuidado é ainda maior porque o que molha simplesmente não seca mais. Não adianta esticar no sol, não seca e ponto. Então saimos nós todos super cuidadosos em nossos pulinhos evitando com tooooda atenção não molhar os pés. Um dia inteiro pulando com cuidado cada minúscula poça d’água. Eis que no meio da tarde… uma tempestade dessas de vento em que se torna inevitável se molhar nos pegou assim que iniciamos os retornos. Estávamos encharcados. 🤣🤣🤣 eu amo as tormentas, é minha natureza. Foi muito engraçada (pra mim) a cena de todos ensopados e ao mesmo tempo a lembrança fresca de todo o grupo dando saltinhos de poça em poça por mais de 10km. Eu não aguentava, era de dar muita risada. Hoje me lembrei dessa cena. E busquei por essa foto. Porque essa cena guarda uma sabedoria única, de que mesmo nas questões que queremos ser cuidadosos e zelosos, ainda assim precisamos fazer isso bem desapegados, bem de boas, porque levar a sério demais o zelo e o cuidado é como tentar evitar com todas as suas forças que a tormenta venha… só que quando ela vem, meus caros e minhas caras, a tormenta é a tormenta. E você fica ridículo tentando conter sua força, a única condição possível é soltar, é rir, é se entregar, é abrir mão desse controle todo. Cuidados, zelosos, mas na dose humana, nem tão cuidados e zelosos assim, numa dose que não se esbraveja quando a chuva vem e desmancha todos os castelos na areia. Tudo tende ao caos, e do caos, a harmonia; da destruição, a criação. Um brinde.