OS NEGÓCIOS E SUA VITALIDADE. Vocês já devem ter percebido – e se não, podem fazer esse teste amanhã mesmo -, é possível entrar em um determinado negócio, faça isso numa livraria, num café ou num restaurante, e na postura neutra (sem julgamento ou intenções) perceber se aquele negócio está vitalizado ou não. Há um fluxo de vida, um certo brilho, que passa pelos negócios que estão vitalizados. Quando estou em São Paulo (e eu fazia isso mesmo quando morava aqui), eu gosto de ir a quase sempre nos mesmos lugares e aos poucos novos vão se somando às minhas coleções. Acontece que depois da pandemia alguns deles patinaram, faz parte, mas dá pra sentir que estão em seu eixo e se aprumando. Alguns estão muito firmes e dignos, é admirável. Outros, infelizmente, estão embicando ladeira abaixo. E na minha percepção a Livraria Cultura do Conjunto Nacional é um desses lugares. Se o queixo não levantar (sabe aquela ordem que mãe dá? “Levanta esse queixo, menino!”), se o eixo não for retomado, muito em breve sinto que essa preciosidade de lugar da cidade vai fechar as portas. O que será uma pena (e torço para o queixo se erguer só porque eu gosto de lá), mas é um fato: negócios que endurecem e perdem seu brilho, que deixam de reluzir – esse reluzir de quem tem vida – estão em processo de se despedir da vida.